A energia solar está ampliando, aos poucos, a sua presença na matriz energética brasileira, estimulada principalmente pelo seu forte apelo ambiental. O aquecimento de água por equipamentos térmicos continua a ser a principal vertente do uso da energia solar no país, ampliando a sua presença graças à leis municipais que obrigam ou estimulam a adoção de sistemas de coletores térmicos e aos projetos habitacionais sociais do governo.
Na geração de energia elétrica, os especialistas vislumbram potencial de crescimento no país seja por meio da chamada microgeração, em que residências e estabelecimentos comerciais atuam como produtores de energia, seja em projetos de maior escala.
O aquecimento de água continua sendo a principal aplicação para a energia solar no Brasil, que consolidou-se em 2011 como o quinto mercado do mundo de coletores solares, segundo informações da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava).
No ano passado, foram instalados cerca de 1 milhão de metros quadrados de coletores no Brasil, o que representou um crescimento de 6,5% ante 2010 – um resultado aquém do esperado, por conta do adiamento e cancelamento de obras de programas de habitação social do governo. “A expectativa para 2012 é de um crescimento de 10% e, nos anos seguintes, de uma expansão média de 15% ao ano”, prevê Rafael Campos, diretor de vendas e marketing da divisão Termotecnologia da Bosch.
O otimismo se deve à expectativa de crescimento das vendas para edifícios, em função da adoção de leis municipais que estimulam ou tornam obrigatória a instalação de sistemas de aquecimento solar de água em edifícios. Mesmo nas residências, Campos vislumbra também um grande potencial de ampliação das vendas de coletores solares. “Os coletores representam apenas 1% desse mercado, que é dominado pelo chuveiro elétrico, que responde por mais de 70% desse nicho”, diz o diretor da Bosch. Segundo informações da empresa, além do forte apelo ambiental, os sistemas de aquecimento solar de água nas residências substituem os chuveiros elétricos, considerados os aparelhos que mais consomem energia em uma residência, proporcionando uma redução de até 30% na conta de energia.
As perspectivas são positivas também em relação ao aproveitamento da energia do sol para a produção de eletricidade. De acordo com Ricardo Savóia, gerente do Núcleo de Regulação e Tarifas da consultoria Andrade & Canellas, foram adotadas neste ano, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), órgão regulador do setor elétrico, medidas que preparam caminho para um desenvolvimento em maior escala da geração de eletricidade a partir da energia solar no Brasil.
São elas: a resolução normativa 481, que determina um aumento no desconto na tarifa de uso do sistema de transmissão (Tust) e distribuição (Tusd) para projetos de geração movidos a energia solar; e a resolução normativa 482, que regulamenta a microgeração (geradores com até 100 kW de capacidade) e mini geração (geradores com potencia instalada entre 100 kW e 1 MW) para consumo próprio. A resolução 482 também regula um sistema de compensação entre energia gerada e consumida pelo consumidor que atuar na geração conectado ao sistema de distribuição.
Com essas medidas, são abertas duas frentes para o desenvolvimento da energia solar na geração de eletricidade. Cria-se um incentivo que tornam mais competitivos os projetos de geração fotovoltaica – pelo qual a luz solar provoca uma reação química que resulta na produção de eletricidade – ou termossolar – sistema que se vale de espelhos concêntricos para, a partir de um efeito semelhante ao da incidência da luz solar em uma lupa, produzir energia térmica que se transformará em eletricidade – de maior escala. Ao mesmo tempo, são criadas condições para que consumidores residenciais e comerciais atuem como produtores de energia conectados à rede, valendo-se de geração fotovoltaica ou eólica de pequena escala.