Hotéis de 15 a 130 quartos já estão colhendo resultados de ações sustentáveis implantadas nos últimos anos. Entre as principais iniciativas, há captação de energia solar para aquecer a água de piscinas, coleta seletiva de lixo e o uso de mão de obra e de serviços das comunidades do entorno. Em alguns casos, a Economia de custos fixos chega a R$ 18 mil ao mês, com a redução do uso de gás, e de R$ 2 mil mensais a menos na conta de água. Para os empresários, o sucesso dos projetos no setor depende do envolvimento de hóspedes e funcionários.
No Hotel Spa Nau Royal, na Praia de Camburi, em São Sebastião (SP), a obra foi orientada, desde o projeto, para aproveitar o sol e o vento do local. Os ambientes usam menos ar-condicionado e aproveitam melhor a iluminação natural. “Temos aquecimento de água com energia solar, decks de madeira certificada, cerâmicas fabricadas por pressão, sem queima, e captação de água da chuva”, diz Roberto Ibrahim, dono do hotel inaugurado neste ano.
Com 22 funcionários e 15 quartos, o Nau Royal também reutiliza a água dos banhos para rega e lavagens, além de fazer reciclagem do lixo. “A ideia era nascer com um conceito sustentável, para que tudo fosse posto em prática, desde a inauguração”, afirma.
Ibrahim diz que os resultados das ações vêm, principalmente, no emagrecimento dos custos fixos, mas os hóspedes também aprovam as iniciativas e divulgam o hotel para amigos. Agora, o empresário pretende investir R$ 120 mil ao ano em cursos de sustentabilidade para funcionários e a população do entorno. “Nosso projeto é continuo, não tem data para acabar.” Para ele, a maior dificuldade do setor de turismo para encampar projetos ambientalmente responsáveis é arcar com o custo das mudanças e aguardar um retorno de longo prazo.
No Hotel Casa do Lago, a 200 quilômetros de São Paulo (SP), entre as cidades de Campina de Monte Alegre e Buri, a proprietária Diva Nassar investe em práticas verdes há mais de dez anos. “O lixo é separado e tratado, e a horta orgânica fornece legumes para as refeições”, diz.
O hotel de 15 apartamentos e dez funcionários ocupa uma área de 820 mil metros quadrados. Diva faz questão de contratar mão de obra e serviços na região. “Os peixes servidos no restaurante vêm de pesqueiros próximos e os resíduos recicláveis são enviados para uma entidade que trabalha com artesanato de sucata.”
“Reduzimos os impactos no meio ambiente com coleta seletiva e compostagem de resíduos orgânicos, com aproveitamento para a produção de adubos”, afirma Lineu Ricardo Kern, do Hotel Bangalôs da Serra, em Gramado (RS). O hotel de 14 funcionários usa lâmpadas econômicas nos 48 quartos e substituiu eletrodomésticos antigos por modelos mais eficientes. “Reduzimos em 16% o custo com a energia elétrica”, diz o empresário, que investiu cerca de R$ 70 mil nas reformas.
Kern construiu dois tanques para aproveitar a água da chuva e conseguiu reduzir em 6% as despesas. Por conta das baixas temperaturas, instalou centrais de aquecimento com energia solar, com redução de 12% no orçamento. A iluminação externa ganhou apoio de um gerador eólico de energia e todos os cobertores dos quartos são fabricados a partir de garrafas PET.
Para Giovana Baggio, coordenadora de sustentabilidade da BBS Business School, as práticas de sustentabilidade entre os pequenos empresários é centrada em Economia de custos e aumento da receita. “Elas costumam adotar atividades ecoeficientes para entregar mais serviços com um menor uso dos recursos ambientais”, diz. Segundo ela, as empresas social e ambientalmente responsáveis costumam ser mais admiradas do que concorrentes ainda longe desse conceito.
Em Taubaté, a 130 quilômetros de São Paulo, o Hotel Fazenda Mazzaropi, com 131 apartamentos e faturamento de R$ 8 milhões, criou campanhas para os hóspedes economizarem água e usarem toalhas mais de uma vez, diz o gerente Jorge Arthur Ribeiro. O hotel gastava antes de 10 a 15 toneladas de gás por mês. Agora, são apenas cinco toneladas.